Surpreendendo a todos, ele conseguiu se superar. Ameaçou os trabalhadores da Universidade de corte de ponto pelos meios de comunicação e se nega a abrir um canal de negociação, enquanto a Uerj não sair de greve. Na verdade, o Secretário deveria fazer justamente o contrário, a fim de ouvir as pessoas que dedicam as suas vidas na construção de uma Universidade de qualidade, sendo pública, gratuita, socialmente referenciada e totalmente financiada pelo Estado.

Nós, do Centro Acadêmico de Medicina / UERJ, julgamos que devem ser duas as medidas tomadas para combater tamanho autoritarismo: 1. usar todo o espaço que tem sido dado à universidade durante semanas, para desgastar a política autoritária do governo; 2. fortalecer o debate interno, em suas diversas instâncias, seja aquelas o movimento organizado, tais como reuniões de diretoria das entidades e assembléias, seja aquelas pertencentes à instituição e previstas em seu regimento, tais como os conselhos departamental, de Ensino, Pesquisa e Extensão, e Universitário.

Lamentamos profundamente que essa não tenha sido a política adotada em nossa Faculdade. Aqui, na FCM, o Conselho Departamental não foi convocado para discutir o envio da folha de ponto diretamente para a SECTI/RJ. Dessa forma, não houve espaço para que nós, representantes do segmento estudantil, ouvíssemos os argumentos dos que eram favoráveis a essa medida, tampouco pudemos expressar nossa indignação. Lamentamos muito que o governo não teve exatamente a resposta que merecia. Dobrar-se a chantagens, em momento tão difícil quanto esse, é certamente jogar com as regras deles. Diante de tal situamos nos perguntamos: a quem interessa jogar com as regras do governo? Por que evitar o debate, em momento tão crucial?

Entendemos que atitudes desse tipo não podem ser aceitas passivamente, pois, além de passar por cima da representação estudantil, abriu um precedente para o Secretário enviasse um outro ofício a Uerj dizendo que já possuía a folha de ponto dos profissionais que trabalharam durante a greve e que suspendesse o salário de outros profissionais da Uerj, cujas Faculdades optaram por respeitar o regimento interno e a Constituição Federal, não enviando diretamente à SECTI a folha de ponto dos professores. Vale ressaltar que o Secretário objetivava com isso mapear os grevistas e suspender o salário, pois as folhas de ponto de todas as Unidades já haviam sido enviadas via Reitor, dizendo que as essencialidades estavam funcionando.

Essa atitude também serviu para fragmentar o movimento que não se via há muito tempo na Uerj. Levando-se em consideração os três segmentos, essa greve teve uma participação das atividades em conjunto e com maciço número de atividades semanais. Se com a Unidade já estava difícil de se negociar, com essa fragmentação, a situação se complica mais.

Nós, que reivindicamos o passado de resistência do CASAF, exigimos o respeito ao debate democrático. Precisamos ser generosos no diálogo interno para que a resposta ao governo seja forte e sólida, tal como seus duros ataques têm exigido.

Democracia, já!!

Centro Acadêmico Sir Alexander Fleming

Gestão "Quem Sabe Faz A Hora" 2005/2006